Decorar com móveis encontrados no lixo...

Para uma decoração original e económica, pode ser uma boa opção recorrer ao lixo, onde muitras vezes se encontram verdadeiros tesouros.

Muitas pessoas ainda pensam que no lixo só de deposita aquilo que já não presta. Ignoram que nos contentores, ou fora destes, se podem encontrar peças muito valiosas, em perfeito estado, ou que podem.

O mito...

Não é verdade aquela tradicional ideia, de que apenas os mendigos ou pessoas que vivem na extrema pobreza procuram coisas no lixo. Muitas vezes isso é feito por verdadeiros conhecedores e pessoas de muito bom gosto. A ideia dos mendigos ou pessoas extremamente pobres, é um mito. Esses apenas procuram algo que os ajude a sobreviver, enquanto que os outros procuram objeectos e móveis para um habitat mais estético e confortável. Para os primeiros impera a necessidade. Os segundos buscam a beleza e a originalidade para decorar um espaço.

Convencionais e inovadores

As pessoas convencionais são aquelas que não arriscam na altura de decorar os seus espaços. Optam geralmente pelo tipo de coisas que os livros e revistas de decoração recomendam. Compram nas lojas que nos mostram móveis e outros objectos, muitas vezes através de uma publicidade agressiva. Dessa forma quase que conseguem assegurar que o tipo de decoração que promovem irá ser seguido por quase toda a gente. Quase que se pode dizer que são indivíduos sem ideias próprias e por isso nem se atrevem a inovar.

Por outro lado, aquelas pessoas que têm ideias próprias e inovadoras, fazem a sua decoração de acordo com os seus critérios pessoais. Em vez de aceitar o que está estabelecido como actual ou na moda, fazem-no ao seu próprio estilo, criam uma versão muito particular do que está na moda. O resultado é normalmente surpreendente, uma decoração requintada, um lugar que não passará despercebido, por ser único e irrepetível.

A arte da Reciclagem na sua máxima expressão

Decorar com móveis e outros objectos provenientes de contentores do lixo - ou qualquer outro lugar onde se despeja aquilo que outras pessoas já não querem - constitui logo à partida um acto de reciclagem. Utilizar, acertadamente, o que se encontra entre desperdícios não é nada fácil e, por esse motivo, é toda uma arte.

Claro que sabemos que o nosso planeta precisa de ser cuidado e reciclar é de facto um acto ecológico que a Terra agradece.

Vintage e garage sale

Em alguns países é difícil instaurar o costume de utilizar artigos em segunda mão (usados) mas, felizmente, a tendência na actualidade é para que cada dia que passa, cada vez mais pessoas pensem em reciclar, não só no que diz respeito à decoração mas também, por exemplo, no vesturário e calçado.

Na maior parde das Américas, são muitas as pessoas que participam nas "garage sales" e nos EUA e Venezuela, estas vendas de garagem são uma prática comum já há bastantes anos.

Exemplo: uma mesa com um rótulo publicitário

A mesa ilustrada na fotografia deste artigo, foi criada para mostrar um rótulo publicitário de vidro, com fundo negro, gravado a ácido e dourado, com a palavra "naviera".

Para o converter numa mesa, usou-se um simples aglomerado de madeira, que foi depois pintado (lacado) com esmalte-laca acetinado de cor negra. Nada de difícil...uma bricolage simples de fim de semana...

Mas ... o rótulo tem uma História

O vidro que está agora nesta mesa original é um dos 3 vidros que formava o rótulo da empresa consignatária da Companhia Naviera Stinnes, originária de Hambugro na Alemanha, fundada por Hugo Stinnes. Este rótulo - anúncio comercial - esteve afixado num edifício situado na Praça de Lugo em La Coruña, no começo do século XX. Esta empresa dedicava-se ao transporte de passageiros e mercadorias para a América do Sul. (Brasil e Rio da Prata). Nos seus barcos viajaram milhares de emigrantes da Península Ibérica para terras tão longínquas...

Foi encontrado no lixo

O rótulo completo, foi descoberto por uma pessoa que comprou um apartamento no mesmo edifício onde esteve a Companhia Naviera Stinnes. Estava virado para baixo, no meio de lixo sujo, colchões velhos e móveis partidos que tinham sido deixados no apartamento que essa pessoa comprou para reformar e que estava em muito mau estado. Sendo essa pessoa um designer de interiores, o resultado da remodelação do apartamento e o fabrico da mesa - feita pelas suas próprias mãos - foi extraordinário. Aconteceu no princípio dos anos oitenta.

Cultura e bom gosto

Este é apenas um exemplo de como o feio ou velho não se pode transformar em belo, se não houver "olho" e bom gosto. Ou se nasce com isto ou tem de se aprender - ao rodearmo-nos do melhor que nos oferece a arte em qualquer uma das suas muitas expressões. Porque é certo que cultura e bom gosto estão intimamente ligados.

De lixo a jóia decorativa

As visitas a lojas de antiguidades e museus servem para treinar os nossos olhos, de forma a sabermos detectar, entre escombros ou sujidade, um verdadeiro tesouro que, logo que tenha sido recuperado, se converte numa jóia decorativa. Também ajuda muito recorrer à leitura de livros de antiguidades e vintage.

Em conclusão, é certo que se podem obter magníficos resultados ao decorar com objectos e móveis encontrados no lixo. Experimente andar alerta, sempre que viage para qualquer lado e veja como se surpreende. Além de um acto ecológico, estará também a praticar poupança e ainda a recorrer à sua criatividade e cultura para um resultado único.