Galeria de Pinturas

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Significado das Flores - Saudade

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Saudade

A flor chamada popularmente Erva divina, inspirou o poeta português Afonso Lopes Vieira, que mesmo sem saber o seu verdadeiro nome a baptizou de Saudade Flor e fez um poema em sua homenagem, com o título “Pinhal do Rei”, encontrado no livro de sua autoria "Ilhas de Bruma".

A flor Saudade, na realidade é flor conhecida como Erva divina, raiz divina, ou ainda como cravo da areia.  Não sei se existe noutras partes do mundo, mas ela é  típica das dunas costeiras e  é encontrada no litoral da região central de Portugal, entre Cascais e o Cabo Mondego.

Esta flor nasce nas dunas, tem um caule comprido e a sua flor de um tom que fica entre o rosa e o lilás é de uma delicadeza impressionante. São dezenas de minúsculas flores perfeitas que em conjunto formam uma flor muito parecida com um cravo.
O poema de Afonso Lopes Vieira fala da flor que nasce perto do mar  e que embeleza a paisagem nostálgica, quando no roxo da tardinha se abre a flor da saudade...

Para melhor perceber o seu significado, nada melhor do que ler o poema de Afonso Lopes Vieira...

Pinhal do Rei

Catedral verde e sussurrante, aonde
a luz se ameiga e se esconde
e aonde ecoando a cantar
se alonga e se prolonga a longa voz do mar,
ditoso o Lavrador que a seu contento
por suas mãos semeou este jardim;
ditoso o Poeta que lançou ao vento
esta canção sem fim...

Ai flores, ai flores do Pinhal florido,
que vedes no mar?
Ai flores, ai flores do Pinhal florido,
Rei Dom Dinis, bom poeta e mau marido,
lá vem as velidas bailar e cantar.

Encantado jardim da minha infância,
aonde a minh'alma aprendeu
a música do Longe e o ritmo da distância
que a tua voz marítima lhe deu;
místico órgão cujo além se esfuma
no além do oceano, e aonde a maresia
ameiga e dissolve a bruma
e em penumbras de nave, a luz do dia.
Por estes fundos claustros gemem
os ais do Velho do Restelo...
Mas tu debruças-te no mar e, ao vê-lo,
teus velhos troncos de saudosos fremem...

Ai flores, ai flores do Pinhal louvado,
que vedes no mar ?
Ai flores, ai flores do Pinhal louvado,
são as caravelas, teu corpo cortado,
é lo verde pino no mar a boiar.

Pinhal de heróicas árvores tão belas,
foi do teu corpo e da tua alma também
que nasceram as nossas caravelas
ansiosas de todo o Além;
foste tu que lhes deste a tua carne em flor
e sobre os mares andaste navegando,
rodeando a terra e olhando os novos astros,
ó gótico Pinhal navegador,
nas naus erguida levando
tua alma em flor na ponta alta dos mastros...

Ai flores, ai flores do Pinhal florido,
que vedes no mar ?
Ai flores, ai flores do Pinhal florido,
que grande saudade, que longo gemido
ondeia nos ramos, suspira no ar.

Na sussurrante e verde catedral
oiço rezar a alma de Portugal:
ela aí vem, dorida, e nos seus olhos
sonâmbulos de surda ansiedade
no roxo da tardinha,
abre a flor da Saudade;

ela aí vem, sozinha,
dorida do naufrágio e dos escolhos,
viúva de seus bens
e pálida de amor,
arribada de todos os alens
de este mundo de dor;
ela aí vem, sozinha,
e reza a ladainha
na sussurrante catedral aonde
toda se espalha e esconde
e aonde ecoando a cantar
se alonga e se prolonga a longa voz do mar...


Catedral  verde e sussurrante... 
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