Adoro pintar e se pudesse passaria os meus dias só nessa actividade que é para mim tão normal como respirar, comer, dormir...
Mas gosto de pintar o quê ? Então.... Tudo! É possível pintar mesmo tudo, aquilo que vemos e aquilo que não vemos, é possível pintar pensamentos, emoções, raciocínios...
Se eu pudesse pintava até nas paredes de casa, nos muros do pátio, no carro, enchia tudo de cores!
E por causa deste fascínio pelas cores, combinações de luz e sombra, texturas e relevos, sinto que sou uma pessoa de "ondas inspiradoras" muito ecléticas. Porque tanto me pode dar para pintar algo que parece uma fotografia e cuja inspiração vou buscar a uma qualquer imagem que retive com um "olhar fotográfico". Pode ser uma paisagem, uma flor,,, ou como me apetece pintar algo com "corpo" (relevo, textura...) para apetecer tocar na pintura quando a vemos, e aí adoro "meter a mão na massa" - acrílica... e ainda pinturas abstractas que saiem ao sabor dos pensamentos ou emoções dos momentos. Podem ser manchas de cor, riscos e riscos, figuras geométricas distorcidas...
E é sobre pintura abstracta que gostaria de falar hoje. É que parece algo muito simples mas curiosamente é o estilo que mais exige de nós. Há até quem pense "bem, a pintura abstracta qualquer um pode fazer....basta pegar nas tintas, atirar para a tela e já está! Ah! E qualquer um pode de facto fazer isso, eu já fiz.... mas estraguei imensas telas! Por falta de composição, por erro de cores, por no final olhar para aquilo... e não me dizer nada!
No fundo, no fundo, "abstractizar" de forma que funcione não é assim tão linear. E depois há a questão de saber olhar para a pintura abstracta. Creio até que a maior parte das pessoas que não apreciam é porque ainda não aprenderam a compreendê-la. Eu própria já passei por essa fase e em relação a alguns artistas famosíssimos, com obras vendidas por milhões de euros (depois de terem falecido, claro está....) ainda hoje não consigo entender. Um desses casos é por exemplo a obra de Mark Rothko, que até hoje ainda estou a milhas de compreender. Mas lá chegarei...
Esta será apenas a minha opinião, outras pessoas terão outras e quem pinta sentirá de maneira diferente certamente. Por isso este estilo é tão polémico, tão amado por uns e detestado por outros!
Quanto a mim, quando estou na "onda abstracta" não estou a tentar capturar a imagem de uma paisagem ou figura. O meu assunto é apenas a pintura em si.
Ave do Paraíso III
O que vê cada um quando olha para a pintura abstracta ?
Cor, formas, linhas e texturas são os elementos físicos que se combinam para formar a imagem. Uma selecção de formas escuras e pesadas podem impressionar e revelar-se como sombrias. Formas mais leves e arejadas podem revelar-se como imagens místicas, formas equilibradas e temperadas revelam-se como pacíficas....
A cor e forma têm significados em si. Nós reagimos emocionalmente a esses elementos, mesmo que não se crie nenhum objecto reconhecível por nós. Assim, uma pintura de formas irregulares, angulares, em vermelhos profundos por exemplo, evocará uma sensação totalmente diferente de uma em curvas suaves de amarelo e branco.
A manipulação do espaço - ou a ilusão do espaço - é outro elemento que também atrai os artistas. Podemos sentir-nos atraídos para um mundo de espaço tridimensional que se estende além do âmbito da pintura. (No caso, quando "brinco" com as massas acrílicas para cirar formas e texturas em alto relevo) Ou então podemos ficar visualmente em tensão, e não sair de um espaço bi-dimensional. A impressão de profundidade, perspectiva, leveza, solidez, e outras relações espaciais são criadas e controladas quando estamos a pintar.
A composição global ou desenho de uma pintura é o que orienta o olhar do observador. Já alguma vez olhou para uma pintura ou fotografia e sentiu que ela estava desiquilibrada? Uma das grandes diferenças entre fotografias amadoras e fotografias profissionais, é a qualidade da composição. Numa fotografia amadora, talvez toda a acção esteja centrada na esquerda, sem nada e com espaço vazio à direita. O desequilíbrio dá uma sensação de desconforto. (É claro que um artista pode usar esse mal-estar também deliberadamente, para provocar o espectador...)
A composição é uma das ferramentas fundamentais e o objetivo é conseguirmos um equilíbrio dos elementos visuais, sem fazer algo que se torna chato. Se por exemplo, estiver tudo do lado esquerdo igual ao que está no lado direito, e o mesmo do topo para a base, haverá realmente equilíbrio mas perde-se o interesse. (uso a regra dos três terços...)
Conseguir uma boa composição, equilibrar todos os elementos ( linhas, cores, formas...), mantendo uma tensão dinâmica, é este o principal objectivo a atingir no final da pintura. Se adicionarmos uma pincelada azul no canto esquerdo inferior, por exemplo, logo vamos ter que mudar algo no canto direito superior. Não nos podemos concentrar numa secção de cada vez, ignorando o resto da tela e depois esperar acabar com uma composição que funcione...
A manipulação do espaço - ou a ilusão do espaço - é outro elemento que também atrai os artistas. Podemos sentir-nos atraídos para um mundo de espaço tridimensional que se estende além do âmbito da pintura. (No caso, quando "brinco" com as massas acrílicas para cirar formas e texturas em alto relevo) Ou então podemos ficar visualmente em tensão, e não sair de um espaço bi-dimensional. A impressão de profundidade, perspectiva, leveza, solidez, e outras relações espaciais são criadas e controladas quando estamos a pintar.
A composição global ou desenho de uma pintura é o que orienta o olhar do observador. Já alguma vez olhou para uma pintura ou fotografia e sentiu que ela estava desiquilibrada? Uma das grandes diferenças entre fotografias amadoras e fotografias profissionais, é a qualidade da composição. Numa fotografia amadora, talvez toda a acção esteja centrada na esquerda, sem nada e com espaço vazio à direita. O desequilíbrio dá uma sensação de desconforto. (É claro que um artista pode usar esse mal-estar também deliberadamente, para provocar o espectador...)
A composição é uma das ferramentas fundamentais e o objetivo é conseguirmos um equilíbrio dos elementos visuais, sem fazer algo que se torna chato. Se por exemplo, estiver tudo do lado esquerdo igual ao que está no lado direito, e o mesmo do topo para a base, haverá realmente equilíbrio mas perde-se o interesse. (uso a regra dos três terços...)
Conseguir uma boa composição, equilibrar todos os elementos ( linhas, cores, formas...), mantendo uma tensão dinâmica, é este o principal objectivo a atingir no final da pintura. Se adicionarmos uma pincelada azul no canto esquerdo inferior, por exemplo, logo vamos ter que mudar algo no canto direito superior. Não nos podemos concentrar numa secção de cada vez, ignorando o resto da tela e depois esperar acabar com uma composição que funcione...
Crepúsculo
Energia é outro factor, ela é a força vital que está presente em toda a arte. Isto não é algo que é facilmente definido, mas é o estado oposto de um resultado estático. É essa energia que faz uma pintura falar connosco e faz com que o trabalho de um artista seja original e identificado como a obra daquele artista.
A energia é criada a partir dos materiais do artista e das ferramentas, mas o final é mais do que o meio, no mesmo sentido em que uma composição musical é muito mais do que uma colecção de notas. E essa energia pode ser transmitida pelas cores escolhidas, pela forma como elas são aplicadas na tela, pelos contrastes gerados, pelas texturas, pelo movimento das pinceladas ou da espátula, ou dos dedos, ou do que se usar para pintar.
Para tentar compreender uma pintura abstracta, da próxima vez que olhar para uma, ou para qualquer tipo de "arte moderna", não comece a procurar algum objecto identificável a partir do seu mundo.
Para tentar compreender uma pintura abstracta, da próxima vez que olhar para uma, ou para qualquer tipo de "arte moderna", não comece a procurar algum objecto identificável a partir do seu mundo.
Em vez disso, tente entrar no mundo que o artista criou. Relaxe e deixe os olhos passearem na superfície da pintura. Deixe o coração e a mente reagirem às suas cores, formas e texturas. Deixe-se atraír para a ilusão dos seus espaços, a acção das suas linhas, se as houver, ou para o humor e energia criados pela atmosfera das cores.
Alegria
Dê uns passos para trás e olhe a pintura à distância. Depois caminhe para ela lentamente e sinta qual o impacto que ela lhe causa à medida que se aproxima.
Mova-se para mais perto e explore os meandros das pinceladas, as espessuras da tinta e das texturas, os relevos e detalhes da composição. Veja como as partes são relacionadas em conjunto para formar o todo.
Dê tempo à pintura. Nenhuma obra pode ser compreendida e apreciada apenas num relance de dez segundos. A arte deve crescer em nós, tornando-se mais interessante e mais agradável de olhar a cada dia que passa connosco.
Mesmo assim, ainda pode ver "coisas" nas pinturas abstractas, encontrar pássaros e árvores e animais escondidos nas formas. E isso é tão natural como quando olhamos as nuvens no céu e as transformamos em formas reconhecíveis. Fazêmo-lo desde crianças... e continuamos pela vida fora.
Mova-se para mais perto e explore os meandros das pinceladas, as espessuras da tinta e das texturas, os relevos e detalhes da composição. Veja como as partes são relacionadas em conjunto para formar o todo.
Dê tempo à pintura. Nenhuma obra pode ser compreendida e apreciada apenas num relance de dez segundos. A arte deve crescer em nós, tornando-se mais interessante e mais agradável de olhar a cada dia que passa connosco.
Mesmo assim, ainda pode ver "coisas" nas pinturas abstractas, encontrar pássaros e árvores e animais escondidos nas formas. E isso é tão natural como quando olhamos as nuvens no céu e as transformamos em formas reconhecíveis. Fazêmo-lo desde crianças... e continuamos pela vida fora.
Mas por abrir os olhos para as possibilidades do mundo que o artista criou ali naquela tela, poderá um dia ver mais do que jamais esperava ver na arte abstracta.
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